É uma característica conhecida dos italianos o fato de gesticularem em profusão enquanto falam. Eu não sabia o porquê, mas agora tenho minhas suspeitas de que a origem desse comportamento vem da pizza.
Eu tenho um esquema mental no qual divido os tipos de pizza em três categorias, para fins de apreciação:
– De raiz: aquela tradicional. É o arquétipo de pizza para qualquer brasileiro adulto; massa grossa e recheio farto. Busca se renovar através de invencionices como a borda recheada de catupiry, mas sem perder o jeitão de sempre.
– Gourmet: assim como o termo, o que vale é ser “diferenciada”. Massa finíssima, ingredientes e combinações chiquetês; fazem por assim dizer, uma pizza conceito. Acho uma delícia, mas confesso que me dá um certo vazio. Tenho uma queda por coisas mais “densas”, vamos dizer assim.
– Pizza Italiana: mais especificamente, a Napolitana. Eu não entendo nada do riscado, mas sei reconhecer de longe essa espécie. Acredito que é o equivalente a tentar traduzir “o que que a baiana tem?”.
Nesse final de semana fui conhecer o Barolio, restaurante de cozinha Napolitana, inaugurado no Vila da Serra (existe outra unidade na região da Pampulha). Um lugar charmoso, aconchegante e bem planejado.
Soube que a casa trabalha com farinha 00, fermentação lenta, produtos vindos da terra mamma e forno à lenha sopitando (aplicado por no máximo noventa segundos). Isso é a teoria, o resultado de tanto esmero você só consegue entender mesmo é comendo.
É uma ciência. Aí você reconhece a fama dos caras e espontaneamente começa a fazer como eles. Fala com as mãos, já que a boca tem nesse momento função sublime e seria incapaz de explicar sozinha, toda aquela profusão de sabores.
