Skip to content
Menu
Hanna Litwinski
  • Loja
  • Sobre mim
Hanna Litwinski

Ah! Insensato coração

Posted on setembro 25, 2018janeiro 16, 2019

O file à parmegiana é um das geniais criações da nossa cozinha e democrático como só ele:

Molho só na cobertura ou o empanado imerso nele?

Com presunto, sem ou tanto faz?

Acompanha purê?

Tá valendo parmegiana de frango, de peixe e berinjela?

Escolhas à parte, de uma coisa não abro mão: tem que vir em porção familiar e cortado com colher na frente do freguês pra mostrar que ali não tem trucagem, tem é filé do bom. A arte de manejar as duas colheres, de dominar o fio rebelde de queijo e de banhar a porção com o molho do fundo da vasilha é uma cena bonita de se apreciar. E assim como o time de futebol, a eleição do seu parmegiana de coração é algo que não se explica, sente.

Acontece que por aqui rolou uma virada de casaca nessa altura do campeonato, vocês podem imaginar? Era fiel ao Restaurante Fazendinha, lugar daqueles que se pode pedir anchovas e pernas de rã pra petiscar enquanto aguarda o filé à francesa para o jantar. Vintage, démodé, de raiz ou como queira chamar; eu atravessava a cidade e defendia com orgulho que melhor parmegiana não há.

Eis que domingo, distraidamente bebericava num ambiente familiar, o Bar do Antônio Pé de Cana, patrimônio de BH. Mesmo já tendo sido vizinha e ter certa milhagem por lá, nunca tinha comido o parmegiana, por mais que já tivesse ouvido falar. Era como trair o Fazendinha, pedir esse prato em outro lugar. Num delírio primaveril cometi o pedido. O garçom pediu licença para fazer uma “assepsia” (Sic) da nossa mesa – talvez quisesse dizer alma – e eu concordei atônita como alguém que acabara de ser pega no pulo.

Então chega uma panela flamejante, brilhante, obscena. Muito molho, muito queijo, deleite, gemido, presunto, casquinha, suspiro, carne, sabor, muito. Purê para a alegria dos puristas. Ritual de apresentação e serviço finamente executados. Quando vi, já foi. Pé de Cana, arrebatastes o meu espírito e eu, como boa pecadora que sou, me entrego às fraquezas da carne e do meu insensato coração.

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts recentes

  • Maria Verdade
  • De luz e curvas são feitas as casas e as mulheres – Parrilla Paganini
  • Uma casa de amigos – La cucina di Piero
  • Tôco Maravilha
  • E o salário?

Comentários

  • Anônimo em Tôco Maravilha
  • Anônimo em Tôco Maravilha
  • Claudia Coelho em Tôco Maravilha
  • Liliana em Tôco Maravilha
  • Bruno Ramalho em E o salário?

Arquivos

  • outubro 2025
  • junho 2022
  • maio 2022
  • abril 2022
  • fevereiro 2022
  • janeiro 2022
  • dezembro 2021
  • novembro 2021
  • maio 2021
  • abril 2021
  • março 2021
  • fevereiro 2021
  • janeiro 2021
  • dezembro 2020
  • outubro 2020
  • setembro 2020
  • agosto 2020
  • julho 2020
  • maio 2020
  • abril 2020
  • março 2020
  • janeiro 2020
  • novembro 2019
  • junho 2019
  • maio 2019
  • abril 2019
  • março 2019
  • fevereiro 2019
  • janeiro 2019
  • dezembro 2018
  • novembro 2018
  • outubro 2018
  • setembro 2018
  • agosto 2018
  • julho 2018
  • junho 2018
  • maio 2018
  • abril 2018
  • março 2018
  • fevereiro 2018
  • janeiro 2018
  • dezembro 2017

Categorias

  • Crônicas Gastronômicas
  • ECOS
  • Egotrip
  • Guaja.cc
  • outros autores
  • Restaurantes
  • Sem categoria
  • Textos
©2025 Hanna Litwinski | Powered by SuperbThemes & WordPress