quinta-feira passada foi um daqueles dias pra guardar na gaveta de veludo da memória.
fila de autógrafos da coletânea de contos #diasdedomingo, organizado pela @eugenia_r_v . eu em SP, marido e filho postos pra escanteio, o Galo tomando de 2 do Bahia e adiando mais, para esse coração vagabundo, o bicampeonato no Brasileiro. pra quem esperou cinquenta anos isso é troco.
Mary Roy atrasada. eu com um olho no placar ativado no celular, o outro nas tacinhas de espumante que circulavam pela catita @livrariadatravessa.
conversa na fila, tento explicar pra colega ao lado como é a vida de galo doido. volto ao placar, em cinco minutos o insano empata.
@mariaaribeiro chega e me aconselha ir pro jogo. não obedeço. chega a minha vez no autógrafo, o galo vira e consagra-se campeão justo naquele abraço de Maria (e da torcida do Flamengo). parece roteiro de documentário, mas meninos, eu vi-vi!
Maria rabisca meu livro, assim como fizeram @eugenia_r_v , @gmadalosso (com 1 n), @l.drix, @veronicastigger e @marcelomaluf_escritor .vou pra noite, tenho muito a celebrar.
@frankbarsp (levamos muito ao pé da letra essa história de fechar bar @taizices ), @camarafria e a consagração final no @sujinhochurrascaria. o garçom torcedor do Bahia, estava feliz por nós, acredite se quiser. o galo campeão é aquela improbabilidade que une todos os povos.
entre um xixi e um cigarro, o marido lê o autografo da Maria e guarda pra si qualquer comentário. quando enfim o Sujinho decretou que desistia da gente, pegamos o Uber pro hotel com a desculpa de ir buscar o doce de leite da amiga que nos acompanhava, mas com o desejo latente de continuar a festa.
no trajeto decido ler a dedicatória da Maria pra amiga, pra me sentir uma Noronha todinha. vejo os olhos arregalados do conge no banco da frente. saltamos do carro, apenas duas cervejas quentes nos receberam. Alexandre me diz que precisamos conversar. tensão. vinte e seis anos de casados ainda teríamos fôlego para novas peripécias? – penso eu. ele sussurra que está preocupado com a minha saúde mental.
depois de algum desencontro, consigo desembolar o novelo. quando o marido leu a dedicatória de Maria, não sabia que havia outras. Leu, de fato a de Giovana, que era num tom afável e impessoal, adequado pra um primeiro contato (me aguarde Giovana). ele me disse que ficou borocoxô com as palavras neutras de Maria e temeu por um bico travado naquela noite. quando me ouviu ler pra amiga uma dedicatória “fake” pensou que era hora de fazer uma intervenção.
“esse seu fanatismo por Maria, já passou de qualquer coisa descrita na literatura das neuroses patológicas, minha querida. digo isso pro seu bem” – tela à óleo, intitulada “ele, o altruísta”.
hoje penso comigo, se Micheque pode entoar línguas insólitas pra comemorar a salvaguarda da familícia, eu mereço todas as manifestações de Maria que eu QUISER, afinal sou campeã do Brasil (que eu quero e vamos começar a reconstruir logo mais), taôkey?!
