Ela era minha Véia e eu a Chiquinha dela. Moramos em casas geminadas durante minha primeira infância. Eu tinha a Vandeca, mas era com ela que a cadela morava. E na casa dela sempre tinha batata frita, historinhas e paparico.
Tia Rachel, a mais velha dos irmãos da minha mãe, teve uma vida espinhosa. Se enamorou por um caminhoneiro bronco, e contra a vontade dos pais que já anteviam os conflitos, se casou com ele. Aí vieram os filhos, às pencas. E ela foi endurecendo de vez, com a aspereza da vida, com as limitações e a falta de perspectivas. Ríspida, respondia com azedume à frustração que sentia.
A Véia era uma pessoa danada de sabida. Nas palavras-cruzadas me ensinou o que era elã, e eu ainda acho uma das melhores palavras que existe. Aliás, a tia era imensa em palavras e histórias nem um pouco convencionais. Vamos dizer que nelas, o lobo ganhava a parada e a chapeuzinho que tratasse de aprender a lição e deixasse de ser tonta. Tia Rachel tinha o humor mais arguto e inusitado que conheci. Assistir aos comentários dela enquanto lia os jornais era um evento. Sempre polêmica, o bom senso passava a léguas.
Mas comigo sempre foi a mais doce das criaturas. Parava tudo pra mim, por mim. Ai de quem contrariasse a sua Chiquinha! Minha Véia me deu a segurança de me sentir amada. E como é mágico perceber, mesmo sem compreender, que você é especial pra alguém.
Hoje ela foi embora e não existe ninguém que não vá sentir saudade do seu jeito controverso e espirituoso. Afinal, ela nunca foi uma pessoa morna. Para dores ou amores, tia Rachel era visceral. E acho que já vai chegar fazendo um barulho enorme no seu destino, muito provavelmente esbravejando:
– Inferno, desgraça, só pode ser o capeta!!! Onde estão meus óculos?!
Pega leve, bunda europeia… dá um tempinho pra turma daí firmar os cascos e se familiarizar com o assombro que é você.

Que lindeza retratar tão bem nossa tia, que sempre foi um bocado nossa mãe. Eu sempre tive muito orgulho de ter a escolhido p madrinha de crisma. Sim, eu a escolhi, pois minha crisma foi aos doze anos. Não titubiei e a convidei. Ela ficou muito feliz.
Bela homenagem mana. E ela te estragou bastante com os mimos e puxa-saquismos. Mas, tudo pelo amor e carinho sempre de forma especial, porque afeto nunca é demais.
Bjs
Que lindeza retratar tão bem nossa tia, que sempre foi um bocado nossa mãe. Eu sempre tive muito orgulho de ter a escolhido p madrinha de crisma. Sim, eu a escolhi, pois minha crisma foi aos doze anos. Não titubiei e a convidei. Ela ficou muito feliz.
Bela homenagem mana. E ela te estragou bastante com os mimos e puxa-saquismos. Mas, tudo pelo amor e carinho sempre de forma especial, porque afeto nunca é demais.
Bjs
A Véia era única!❤
Parabéns, Hanna. Bela homenagem à Rachel. Seus pais estarão orgulhosos, com certeza.
Extremamente verdadeira e fiel esta homenagem à Raquel, mas, vamos lá, mesmo desbocada e sincericida, o coração era de ouro e Jesus a recolheu pra sua turma, o capeta perdeu mais uma. Abraços, Hana
Como você escreve bem! Gostaria muito de ler um livro seu! Parabéns!
Consegui escutar claramente a minha avó falando ?
Muito obrigada, a tia foi muito amada! Abraço.
É uma certeza! Uma amada! Adorei seu comentário, muito obrigada!
Ô Claudinho, muito obrigada! Mas puxei papai, escrevo só quando baixa um santo, morro de preguiça de encarar um livro apesar da grande vontade.
Muito clássico dela! Rs. ?
Ela tinha uma viz linda, foi minha primeira sogra mas nem o filho nem ela sabiam rsrsrsrs. Cortava meu cabelo divinamente. Na verdade acho que foi a primeira pessoa que cortou meu cabelo curto.
Lembranças boas
Digo voz linda quando cantava e o Waldir tocava.
Qual era o filho em questão? Rs
Saudade demais dessas noites de viola e cantoria ❤!