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Hanna Litwinski: comer, escrever e criticar

Posted on fevereiro 18, 2018janeiro 14, 2019

Nunca gostei de Curriculum Vitae, aliás acho difícil alguma coisa em latim conseguir ser atraente e não cheirar à naftalina. Tenho vistos alguns CV’s interessantes, descoladinhos e isso me enche de esperança. Boto fé que os tempos da dinâmica de grupo em que você era convocado a citar um defeito seu e que se logo se ouvia, de forma uníssona a resposta “bem… eu sou muito perfeccionista” tenham ficado definitivamente para trás.

Resolvi então me apresentar em forma de bula, sim bula de remédio, porque acredito que não existe nada mais honesto e didático no mundo. Se você é do tipo compulsivo afetivo apegado não venha colocar suas fantasias na minha conta, ok? Tô fazendo a isentona total, não prometo ligar no dia seguinte e deixo pro pequeno príncipe a responsabilidade de cativar.

1. Identificação

Hanna Catarina Michaelis de Menezes Litwinski — sim, sofri pra aprender a escrever. Sim, não cabe em nenhum formulário. Sim, minha vida piorou bastante depois do advento Montana. Meu pai que era velhaco disse que Hanna foi uma homenagem à filósofa Arent; minha mãe jogou por terra a ode e disse que foi retirado da lista de vítimas de um acidente aéreo da época. Sou assim, poesia e tragédia.

2. Composição

A principal substância ativa é o gosto pelas palavras. São elas e seus significantes mágicos que vão costurando a minha historinha confusa. Uma sentimental crônica, patética e embevecida por toda a poesia que cabe no mundo.

2.1 Para quem é indicado?

Para pessoas que aprenderam que se levar tão a sério não leva a nada. Para aqueles que descobriram que rir de si mesmo é libertador e que passaram a temperar suas vidas com generosas doses de humor

2.2 Como funciona?

Com tesão e sem disciplina. Com devaneios extensos e por vezes cansativos. Recomenda-se uma boa dose de paciência de Jó de uso complementar, a fim de prevenir reações enfadonhas.

2.3 Quando não devo usar?

Quando a alma for pequena.

2.4 O que devo saber antes de usar?

Que você está por sua conta e risco. Que por vezes vai amar e por outras odiar. Que muitas vezes vai achar rude e grosseiro, mas se der uma segunda chance vai ver que é absolutamente verdadeiro e que sim, pode existir beleza nas dores da vida se elas forem pintadas com as cores do humor.

3. Como devo usar

Use ao seu bel-prazer. Use em doses absurdas porque a essência aqui é do exagero. A overdose é recomendada porque de moderação já estamos fartos.

4. O que devo fazer se esquecer de usar

Solte uma gargalhada frouxa recheada de ironia ou conte uma piada sacana; serve como paliativo. Comer um sonho de padaria no meio da tarde também demonstrou eficácia.

5. Quais os males que pode causar

Aí é treta. Não vou mentir. Ao começar a usar desaparecerá instantaneamente a síndrome de Pollyana (essa é a melhor grafia) moça. As coisas mudarão de forma, a princípio pode parecer uma viagem de LSD, mas aí você percebe que o mundo é o mesmo – aquele seu velho conhecido de sempre — só que sem o filtro do Instagram. Você vai achar horrível até conseguir notar que pode ser interessante e por fim até se divertir com isso. Aí não tem mais volta.

5.1 Reação rara

Coprolalia. Em grau leve é aceitável. Se isso se tornar sindrômico procure ajuda. Prezamos pela boa educação e adoramos parecer ser socialmente ajustados.

6. Contra-indicações severas e interações com outras drogas

É absolutamente desaconselhável fazer uso se você é uma pessoa recalcada e que gosta de botar o dedinho no nariz alheio. Além de não ter eficácia vai agravar o seu quadro. Não é todo mundo que se adapta a doses elevadas de ironia e a um sarcasmo sacudido. Se você curte reunião de condomínio, gosta de ser reconhecido pela presteza mesma quando não é chamado, tem caráter ilibado e caga regras a outrem, toma conta da vida dos coleguinhas por intenções puramente altruístas, fala “TOP” com frequência, acha que existem pessoas que são mais adequadas porque fizeram escolhas certas de orientação sexual, inclinação religiosa e política, pertencimento social e o escambau a quatro; PERIGO, vai dar pau! Passe muito longe daqui.

7. Considerações finais

Sou um pouquinho de tudo e nada me define, ou me aquieta. Não consegui fazer uma tatuagem até hoje por culpa disso. Sou uma masturbação perpétua. Bebo (muito) de muitas fontes e rezo pra Freud. Sou psicóloga por formação e estou na tentativa árdua de construir uma escritora. Acho o termo tão solene que não sei se darei conta. Tenho a péssima mania de ficar paralisada quando acho que é muita areia pra minha carretinha modesta. Também trago o infortúnio de mirar nos fodas, nos gênios que habitam meu imaginário, aí me ferro; dá uma vergonha danada dos meus escritinhos prosaicos.

Então eu fiz quarenta anos. E veio uma liberdade da porra! Um troço que não sabia que poderia existir. Eu não sou ligada a simbologias e acredito em muito pouca coisa. Mas esse negócio de fazer quarenta me pegou de calça curta. E foi tão tsunami que estou tendo que dosar essa energia toda pra não ser engolida por ela, ou pior, massacrar os que estão a minha volta. Liberdade pode ser extremamente opressora se a gente não toma cuidado.

Tenho medo de quem carrega certezas e corro léguas de conversinhas menino/empregada/findi no clube. Sou feminista por necessidade, mas na busca infrutífera do falo perdido. Mãe de dois homens, mulher de um homem pra lá de complexo e inteligente, eu sou uma sobrevivente.

Sou generosa e leal. O sarcasmo é minha força motriz. Meu pai que saiu à francesa há dez anos e de quem eu tenho saudades diárias me chamava de pilantra e eu gosto dessa palavra. Pra mim não está relacionado à malandragem, ao jeito Gerson de ser; ao qual nutro profundo desprezo. Pilantra é aquele que tem curso de zona, que sabe que a vida é injusta e muitas vezes nada bonita. Mas aprendeu a lidar com as adversidades e pular os obstáculos com ginga porque se a gente aprende a rir das nossas desgraças, conservadorismos e hipocrisias costumeiros, a vida fica com sabor de jabuticaba colhida no pé.

Muito prazer, faço bom uso!

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