Jandira fez oitenta, mas oitenta não fazem Jandira.
Jandira é xovem de cútis, de cuca legal e youtube.
Jandira é anciã da tribo, das ervas e unguentos e uma operária incansável no ato de zelar.
Jandira tem uma vaidade discreta e uma elegância congênita, afora quando dá sua risada.
Se você deseja ver Irene dar sua risada, não imagina o Exocet que a gargalhada de Jandira é.
É uma onda radioativa que enche uma casa inteira e causa sequelas imediatas no perímetro: todos se põem a rir com ela e dela. Irremediável.
Jandira é da água; meio peixe, meio coelha. Jandira gosta “da rapinha do café” e bolo de festa.
Mas não gosta da festa – quem diria – talvez porque já seja uma.
Os olhinhos pelados de Jandira marejam quando se lembram da infância.
E remam lá pra roça onde viviam soltos e eram cosidos pela arte da mãe e a pachorrice do pai, que permanecia imóvel, enquanto lhe faziam trancinhas nos cabelos.
Jandira é bicho de mato, de mar (,) de gente. Não existe conversa mais fácil que a dela. Sem se dar conta você é fisgado e condenado a ser seu fã incondicional.
Mas a maré tem suas reviravoltas quando surge a comentarista política, ou uma e outra antipatias ferrenhas. Aí aqueles olhinhos pueris se transformam em Santo Cristo sanguinário e torna-se atividade de altíssima periculosidade encarar um duelo com a onça.
Jandira é justa, uma criatura que transborda respeito por tudo e todos. Não confunda respeito com austeridade, afinal Jandira é feita de informalidade. É o apreço que ela tem, cortesia no trato e no tato.
Jandira é complexidade e a simplicidade vivendo parelhas, como se fossem uma coisa só. Faz o melhor bolinho de bacalhau que já se teve registro na história da humanidade. E quando ela fala: “ô filhinha” me faz sentir o ser mais amado desse mundo.
Doce Jandira, que alegria te ver tão bem. Tão você!
Você é nossa festa!
Viva mamãe, viva!
