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Hanna Litwinski
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Hanna Litwinski

Pegar carona na cauda da pandemia a anos-luz da empatia: é o Tchan no Egito

Posted on julho 24, 2020

Mente vazia, oficina da compra online, o mantra foi registrado hoje na minha rede social.

E tem trabalhado como mouro (não vá confundir com aquele do conge, que trabalho mesmo, só teve o de passar vergonha) esse tal carrinho virtual.

Ocorre que quando você toma juízo e abandona o esconjuro, fecha o site e vai comer um biscoito de goma, o carrinho imediatamente se transforma em Rexona, ou seja, não te abandona. Ele te segue feito um cão sem dono e logo pinta uma notificação:

– Oi Hanna, esqueceu de alguma coisa?

Nãaaaaao!!! Mas tô tentando, desgraça!

– Não se preocupe, salvamos o seu carrinho pra você ?!

Xênte boa pracarái ocêis!

E assim vai, num loop infinito, depois de desistir daquela compra meu amigo, seu karma tá traçado. Há de pairar sobre ti o encosto eterno de um carrinho de lembranças.

Mas daquelas compras concretizadas (sim perdoe ô meu Pai, têm sido tantas) comprei dia desses, três artigos de diferentes vendedores no Enjoei: um par de óculos, um quimono, uma blusa de insetos. Não, a blusa é pra gente mesmo, a estampa é que é de insetos. Para aqueles que não são iniciados no enjoo, trata-se de uma plataforma online na qual pessoas vendem as coisas que não querem mais (ou não deveriam ter comprado, né? #ficaadica)

Não sei vocês, mas eu compro online e instantaneamente já me posto na janela, que nem que uma namoradeira, a esperar o amarelinho dos Correios chegar.

E pra dar um tapa na ansiedade tratei de mandar mensagem pros vendedores. Corrijo vendedorAs (nesse quesito temos maioria absoluta né, mores fêmeas? Comprar aquilo que não precisa, mas tava tão baratinho! Cujo o fim indigno será sempre um fundo de armário; vala comum dessas pokas ideia. Aprendi essa gíria de quebrada outro dia e repito pra parecer que sou maneira.  O texto da mensagem fazia a simpática, mas a real era pra falar que eu já estava ali, na nóia, cachimbando a chegada de pacotinho.

Duas migas comerciantes responderam e entenderam de pronto o recado, com toda sapiência de captar o que está dito nas entrelinhas, capacidade exclusiva da alma feminina. A outra tratante (no sentido de mercadora, por ora) fez a egípcia.

Recebi os avisos de postagens da blusa e do quimono, mas dos óculos, nada. Fui lá cutucar a moça, vai ver era mais lesa a coitada.

Oi, tá boa? Então, eu de novo, Hanna. Estou ansiosa pra receber os óculos, contando os dias para chegarem, posta pra mim!

A fingida de égua respondeu:

“Oi queriiida” (nota mental – começamos mal)!

“Por conta da pandemia tenho ido aos correios a cada dez dias para despachar minhas vendas, não me lembro ao certo a última vez que fui ao correio, mas devo postar seu pedido na próxima semana. Ainda estou dentro do prazo dado pelo Enjoei, beijos”.

Tá gente, ninguém precisa tirar a expectativa pra fora, botar na mesa e ficar medindo o tamanho e tals, mas achei displicente a moça. Passaram 10 dias, as vendedoras atentas não só postaram como recebi os regalos em casa, finalizando nossa saudável transação.

Aí resolvi ser mais incisiva com a Cleópatra.

Boa tarde, tudo bem? Hanna again. Hoje faz 10 dias que comprei os óculos. Já recebi os outros 2 produtos que comprei no mesmo dia. Sei que você ainda não extrapolou o prazo de postagem, mas é chato demorar assim quando a gente compra algo, não acha?

A educação que Mainha me deu já tá toda desbeiçada de tanto que uso. Mas tem gente que colocou a educação no baú (ou na rima dele).

A cavalgadura em pessoa me responde num áudio de um minuto, num tom Woodstock, embora cuspisse fogo pelas ventas dos três filhos da Daenerys simultaneamente.

“Oi queriiiida, tá boa? Então como eu te disse só tenho ido ao correio a cada dez dias e se não me engano tinha ido pela última vez no dia anterior a sua compra”.

Eu penso: Jura viada? Ah como eu acredito em coincidências, xuxuzinha! E também na Croroquina.

A cínica continua.

“Então, hoje eu fui ao correio despachar umas vendas e ACHO que seu óculos também foi junto.”

Meus botões todinhos: Acho? Como ousa, tirana do Nilo?

Tem mais.

“O Enjoei está certíssimo de dar dez dias de prazo. Meus pais estão no grupo de risco. Chato mesmo é alguém daqui de casa pegar essa doença. Não vou arriscar a vida deles para você receber o óculos antes do prazo. Se quiser devolva e ele voltará para mim. Obrigada”

Aí duas questões se instalaram nas minhas entranhas:

  1. Voltaria um óculo só para Cléo? E qual seria o destino do seu siamês menos afortunado? Se perderia num buraco sideral dessa Via-Láctea de meu deus?
  2. Questionei seriamente a sua ascendência. Não majoritariamente egípcia, mas acredito agora grega, mãe de todas as tragédias. Mexicana talvez…madrecita de toda Usurpadora. E talvez, por que não, Shakespeare fora um tetravô torto em sua linhagem ancestral caída de chique e trabalhada no matiz fúcsia?

Como essa gema preciosa de Atenas pode usar o Coronga pra limpar a popa da sua incompetência? Essa Are Baba do Tutancâmon acha que eu sou toda troxinha? Ademais (uma pessoa que usa ademais não pode ser de toda coió, concorda?) nunca teria ela se colocado no corpo da namoradeira à espera do yellow submarine postal? Fia, a gente tá indo com o fubá da empatia, não tô nem esperando que você volte com o angu da sororidade. Façu não, é feio!

O seu papo não é futurista, é lunático. Segura seu tchan, que eu tô voltando pro meu lindo balão azul.

*By the way, BTW para os iniciados: acho um entojo de lindo usar essa expressão; quem não aprende com as canalhices alheias é ruim da cabeça ou total lelé. Tratei de transformar a descompostura que levei pros peito adentro em oportunidade de fazer negocim. Com muita empatia e papo reto, na maior filosofia do “servimos bem para servirmos sempre”, montei hoje um Instagram da minha lujinha. Nele você vai poder se a(em)poderar dos meus enjoos, segue lá @lujinhadatiahanna. Logo, logo tem site profissa, que o marido fodão tá parindo. Com carrinho virtual e tudo. Aí já sabe, né? Em breve sapeca por aí: olá caro leitor, você está esquecendo de alguma coisa?

5 thoughts on “Pegar carona na cauda da pandemia a anos-luz da empatia: é o Tchan no Egito”

  1. Liliana disse:
    julho 24, 2020 às 1:00 am

    Muito bom!

    Responder
  2. Thiago Sampaio disse:
    julho 24, 2020 às 1:15 am

    Vc é incrível! Sério.

    Responder
  3. Sandra Nardoni disse:
    julho 24, 2020 às 1:24 am

    Como sempre excelente e me fez esquecer por momentos do vírus da moda e dos políticos… ri mtooooo…
    parabéns Hanna!

    Responder
  4. Sandra Nardoni disse:
    julho 24, 2020 às 1:24 am

    Como sempre excelente e me fez esquecer por momentos do vírus da moda e dos políticos… ri mtooooo…
    parabéns Hanna!

    Responder
  5. hannacat disse:
    outubro 1, 2020 às 12:44 am

    Rir continua sendo o melhor remédio! ??

    Responder

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