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Hanna Litwinski
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Uma casa de amigos – La cucina di Piero

Posted on maio 15, 2022maio 16, 2022

Ontem tivemos um jantar pra lá de divertido e acolhedor. Fomos conhecer La Cucina di Piero, uma casa escondidinha no Cabrobó, no coração da Sagrada Família. O lugar surpreende em cada detalhe, capricho e delicadeza. O casal Gleice e Piero – Pierangelo de batismo – são contadores de profissão, mas anfitriões de alma. Eles recebem pequenos grupos nas noites de quinta à sábado no lugar que denominam como uma casa de amigos. A decoração do ambiente é primorosa, realmente algo de extasiar. Ao cruzar os portões você é transportado para uma charmosa Vila Ítalo-mineira onde coabitam limões sicilianos e panelinhas de ágata ornando as paredes. Lindas penteadeiras antigas, colcha de família fazendo às vezes de cortina, retratos de lugares e pessoas, balaios e queijeiras. Bibelôs aqui e acolá, recheados de florzinhas minúsculas a nos lembrar que a atenção mora nos detalhes.

Piero se apresenta assim: eu não sou cozinheiro, mas preciso cozinhar, fiquem à vontade essa é uma casa de amigos. E assim nos sentimos. O cardápio indica o que ele mais tarde nos confirmou: nada da cozinha italiana ortodoxa com suas rixas norte-sul, uma cozinha livre que serve aquilo que eles gostam de comer, sem se preocupar se deve ser assim ou assado, cozinha de intuição e prazer.
Entradinhas simples e saborosas: salada caprese, brusquetas de cogumelos e tomates servidas no pão francês (te disse que Piero de purista não tem nada) e uma tábua de frios com um queijinho tão bem curado que a gente pode ver que “prego e uai” deram um samba bom.

De pratos principais, marido foi de gnocchi à carbonara, uma combinação que provavelmente faria Bottura torcer o nariz. Eu pedi um ravióli muito bem executado com um porcini carnudo e delicioso e tartufo aromatizando no ponto certo.
Piero cozinha sozinho, por isso recebem poucas pessoas por noite e mood de lá é sentar, relaxar e apreciar a beleza do lugar. Sem pressa, com conforto e simplicidade. Ao final do jantar nos serviram um licor de mexerica (mandarino something, ele me disse três vezes o sonoro nome em italiano, mas o efeito Primitivo me impediu de registrar). Percebe a ousadia do ragazzo? Nada de limoncello; mexerica pra encerrar. E depois do serviço concluído, a Gleice que comanda o salão com competência de maestrina, nos sentamos pra um dedinho de prosa na casa de amigos.

Mineiro e italiano são bons de causos, não é? Pois bem, o cozinheiro por premência também é um curioso leitor de História, com especial interesse na do Brasil. Foi me lançando questões pra lá de insólitas, segundo ele com provas documentadas, as quais espero ter acesso. Entre elas, me disse que o mestre Aleijadinho na verdade é uma ficção a fim de valorizar a arte e estilo da época, que seria impossível que uma só figura tivesse feito tantas obras em vida e que se encontram correlatas espalhadas por vários lugares do mundo. Eu recém-chegada-impactada de uma ópera em Ouro Preto em homenagem à vida e obra do artista, só conseguia dizer: rapaz, olha o que cê tá falando, rapaz… onde é que tá registrado isso? rapaz isso é teoria da conspiração…

E ele provocativo como todo bom italiano (todos eles nascem com o gene da teimosia) me mostrava imagens e afirmava categoricamente a teoria. E não satisfeito veio me contar que Cristóvão Colombo era italiano de nascença. Rá! Gendocêu! Preciso clarear as ideias, ou me atracar com mais um Primitivo, embrulha uma garrafa pra levar.
Saímos de lá provocados. Pela beleza, pela hospitalidade, pela urgência de cozinhar como ato de comungar. Pierangelo, meu caro, em breve retornaremos. Mas saiba que vou me preparar com afinco e lançar suspeições sobre a real autoria de algumas criações de um certo Leonardo que habitam na sua bota. Ciao!

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